Duas escovas de dentes pra quem? O medo de estar a sóis e a pele responder com escamas e queloides. As pedras que um dia uma criança guardou despropositada de porquê, criança que gosta de pedras, coleciona várias delas e guarda no fundo da caixinha que está no fundo do guarda-roupa. Corrimão de escada com fim, toda escada tem térreo igual apartamento tem base, colunas, colunas modernas tristes, aclássicas. Antropologia, maquinaria? Tecnologia. Antropólogo das máquinas inteligentes sem tempo para regar plantas.
cai a tarde e o tudo me esmaga. Avenidas e pontes me atravessam sem sentido algum. Carros, carroças, ônibus e caminhões também. Poças d’água me encharcam, sem sentido algum. O sentido aranha que me faz rir, mas tanto significado. Aracnofobia e ser uma aranha numa presença simultânea. O sofá rasgado, a xícara de café sem açúcar e rosnado de cadela. Muro chapiscado, pichado “Amor, Amor complexo Edson.” em letras tolas verdes. Verde-Palmeiras. A camisa do Vasco, Flamengo e esses times que aí tem e desconheço. A parede enorme sem pontes mesmo depois de uma perda que poderia… Poderia, mas paredão. As cores que não lembro o nome quando cai o céu.
Na cadeira estática o balanço incorpóreo da biologia. Imagina que a única possibilidade de movimento fora são os olhos sem expressão, mas olhos. Assistir líquidos que escorrem, destes alguns sapateiam lindamente e doutros evaporam. Tenho vontade de urgir, mas contra fluídos é tolice, é insano. Eu me derreto por fim, me rendo, numa peça gosmenta de pele-água e me sinto fora do contexto, porém com tempo, habitat e tudo bem. Liquidada e adaptável, movimento entre chãos lisos, porosos ou pedregosos, nunca parasita, água color que pira, rodopia e fera URGE, como quando escorre da pia forte e toca os canos.
Boleto com o poema do Álvaro de Campos.
Revanche. Avalanche.
Ninguém estanca.
A vidraça e os ossos salientes

Na brasa dos órgãos que pareciam inverno tiro a minha calcinha vermelha e você lavou suas mãos, compreende? Nua, crua, suja. Nas danças dos bailes confesso que me preocupa os destroços que deixarei. Penso numa vidraça não mais intacta, já no que já era, no que se foi, estilhaçada no chão feita só cacos de vidro. Há sentimentos que não conseguimos nomear: verão em pleno inverno, meu corpo queima parecendo o que chamariam de inferno. Meu rosto rosa. Memória sequelada. Rádio-relógio com pilha, canções e vozes que saem sem permissão, atos-falhos em sequência sem uma conclusão e ressaca da tarde passada. Cadeado onde se põe a chave, não cabe, ilogicamente tentei, mas fui tentada antes de tudo. Levada. Brinco com o isqueiro na intenção de me queimar e sempre me queimo, o que não é novidade. Feito Sol, feito hélio. Você coloca a mão envolvendo a derme do fruto e depois saboreia e eu gosto de sentir na flor da pele o novo, de novo e de novo. Eu rosa no rosto e cravo no corpo, vermelho. Cores de verão em pleno inverno, não no dorso ou nas extremidades, mas nu,
cru.